9 de out. de 2011

Ainda fazem clássicos?

Ontem de madrugada finalmente assisti o "Arrasta-Me Para O Inferno", e devo confessar que, apesar de ter gostado, me desapontei um pouco com o filme. Lembro-me de ele ter sido vendido na época como a volta do Sam Raimi ao terror, mas de terror mesmo não tem nada. Tem é muito susto barato, daqueles que antecedem um momento  de silêncio, depois vêm uma imagem qualquer e um barulho ensurdecedor.

Milagre! Traduziram direito o Drag Me To  Hell
Para quem ainda não assistiu, trata-se da história de Chistine (Alison Lohman), que trabalha como analista de crédito em um banco que disputa uma promoção para diretora assistente com Stu (Reggie Lin), e tem sua vida virada de pernas para o ar quando nega uma prorrogação da hipoteca da sra. Ganush (Lorna Raver), uma cigana das brabas!

A partir daí, o filme vira uma série de sustos e cenas escatológicas que não falham em enojar, mas que parecem deslocadas, encaixadas nos momentos errados do filme.

Quando falamos terror e Sam Raimi na mesma frase, é impossível não se lembrar de Evil Dead, o qual Arrasta-Me Para O Inferno quer ser, mas sem o mesmo charme. Evil Dead funciona como uma escada, começa com cenas "leves", nos conduzindo ao banho de sangue que é o final, e Arrasta-Me... não, ele nos dá cenas que deveriam ser parte de um gran finale já logo no começo, e quando o filme acaba, dá aquela sensação de "é só isso?".

Tem também um problema com a sra. Alison Lohman. Tudo bem, o filme pende bastante para o terrir, não devemos esperar dela uma atuação digna de oscar, mas no mínimo ela deveria ser bem mais exagerada do que foi. Ela tem somente 1,5 expressões faciais, e essa meia expressão é quando ela está sorrindo, não dá para acreditar que um cara competente como o Sam Raimi não tirou mais dela, ou porque não quis ou porque não conseguiu.

Diliça!
Os efeitos especiais se alternam entre maquiagens muito boas, feitas pela galera da KNB, e digitais ruins, muito ruins mesmo.

Mas mesmo com todos esses defeitos, o filme diverte, não me arrependi de ter comprado por R$5,00 na locadora. Eu acho que esse filme vai ser para a molecada de hoje como foi o Poltergeist na minha infância, ou seja, vão assistir, se borrar de medo, e quando assistirem novamente depois de grandes vão pensar "era isso que fazia eu me cagar quando era moleque?", e isso que me levou a escrever esse post. Quando eu era um pivete estranho, que gostava de filmes "de diabo", foram lançados vários filmes que hoje são clássicos, como Re-Animator, Do Além, Um Lobisomem Americano Em Londres, entre vários outros. Hoje fazemos o que? Quais serão os clássicos de amanhã?

Quantas vezes já vimos essa cena?
Para falar a verdade, eu nem sei o que define um filme que será um clássico daqui a alguns anos. Acho que ajudava muito o fato que esses filmes passavam na TV. Era uma época em que a gente assistia e ia doidão na escola no dia seguinte falar sobre eles. Mas hoje? De quais filmes falamos hoje? Eu provavelmente vou falar com os meus amigos do Arrasta-Me e minhas impressões sobre ele, mas não o achei no nível "caralho, que fudido!", e não me lembro de muitos filmes em que posso dizer isso que foram feitos nos últimos anos.

Lembro de ter curtido muito A Invasora, gostei muito do Viagem Maldita (para quem não sabe, remake do Quadrilha De Sádicos), do Audition (um dos poucos filmes orientais que fogem do padrão de fantasma cabeludo que mata todo mundo), Rejeitados Pelo Diabo, e de verdade, nem me ocorre outros agora. Claro, tem vários filmes que gostei muito, tipo os Albergues, mas nesse nível "caralho, que fudido", poucos mesmo.  Será que Jogos Mortais (série que gosto muito) faz parte desses clássicos de amanhã?

Será o senhor o Jason do novo milênio?
Eu acho que os diretores de hoje perderam a mão, e os filmes perderam o carisma. Novamente, exceto alguns... Terror No Pântano é cheio de carisma, Banquete No Inferno também, mas no geral, acho que essa leva de terror está mal servida. Temos uma nova geração promissora, como o Eli Roth, Alexandre Aja, o controverso Rob Zombie, Yoshihiro Nishimura, e sempre espero com o hype lá no alto quando ouço que uma obra desses caras está em andamento (por favor Rob Zombie, faça o Tyranossaurus Rex, e vamos esquecer que existiu o seu Halloween 2), mas precisamos de mais clássicos. Precisamos dos Fome Animal dos dias de hoje. Bom, pelo menos EU preciso, rs...

Um comentário:

Fausto Silva disse...

Essa fera aí bicho!